You are currently viewing TRANSMAT-IN2PAST conferência internacional “Decolonizing Museums and Colonial Collections: Towards a Transdisciplinary Agenda and Methods” na Figueira da Foz

TRANSMAT-IN2PAST conferência internacional “Decolonizing Museums and Colonial Collections: Towards a Transdisciplinary Agenda and Methods” na Figueira da Foz

A conferência internacional “Decolonizing Museums and Colonial Collections: Towards a Transdisciplinary Agenda and Methods”, realizada em março de 2025 na Figueira da Foz, foi marcada por uma notável representatividade geográfica e pela riqueza temática dos debates. O evento reuniu oradores e participantes de quatro continentes — Europa, África, América do Sul e América do Norte —, refletindo o caráter verdadeiramente global e inclusivo da discussão sobre a descolonização dos museus e das coleções coloniais.

Entre os países representados estiveram Portugal, Brasil, Alemanha, Países Baixos, Reino Unido, Uganda, Angola, Equador, Estados Unidos, Canadá, África do Sul, Camarões, Peru e Quénia. Esta diversidade geográfica traduziu-se numa multiplicidade de perspetivas, experiências e desafios, enriquecendo o diálogo e promovendo uma abordagem transdisciplinar e colaborativa.

Os temas abordados ao longo dos três dias de conferência foram igualmente abrangentes e inovadores. As sessões exploraram questões centrais como a pesquisa de proveniência e a circulação de objetos, a restituição e repatriação de património, e os possíveis processos de reparação histórica. Destacaram-se debates sobre as dinâmicas de poder e as continuidades coloniais, a necessidade de reescrever narrativas museológicas e a importância de incluir vozes e saberes das comunidades de origem.

Foram apresentados estudos de caso que analisaram desde o papel dos museus nacionais em contextos pós-coloniais (como o Museu Nacional de Antropologia de Angola) até experiências de co-criação e mediação comunitária em museus da América Latina, como o projeto de bolsas de co-criação em Quito, Equador. Houve ainda reflexões sobre a educação patrimonial, a memória e o esquecimento histórico, e o papel das políticas públicas na efetivação da restituição e repatriação cultural em países africanos.

A conferência destacou também a importância das metodologias colaborativas e da investigação-ação, promovendo a partilha de práticas inovadoras entre museus europeus e africanos, e incentivando o desenvolvimento de novas formas de solidariedade, curadoria partilhada e inclusão. Foram discutidos os desafios éticos e logísticos da restituição, a reclassificação de objetos e a revisão crítica das coleções, bem como as tensões entre discursos oficiais e memórias silenciadas.

Ao reunir investigadores, curadores, líderes comunitários e decisores políticos de várias origens, a conferência consolidou-se como um espaço privilegiado para a construção de agendas comuns e para a definição de métodos transdisciplinares capazes de responder aos desafios contemporâneos da descolonização dos museus. O evento reafirmou a urgência de repensar o papel das instituições culturais na promoção da justiça histórica, da diversidade e da inclusão, apontando caminhos para um futuro museológico mais ético e plural.